domingo, 7 de junho de 2015

Padrão Fifa

Coincidência ou não, a presidente Dilma Roussef afirmava, em meios as críticas pelo atraso nas obras para a Copa do Mundo de Futebol, que a Copa não tinha ‘padrão FIFA’ e sim ‘padrão Brasil’. Mas o que significava para o país o tal ‘Padrão FIFA’? Foi um bordão criado tendo em vista a organização e qualidade cobrada pelos suecos responsáveis pela Fifa. Ademais, a Lei nº 12.663, de 5 de junho de 2012, definiu as responsabilidades da FIFA na Copa do mundo como organizador do evento.

O slogan ganhou fôlego nas manifestações realizadas pela população, com pedidos de melhorias na saúde, educação, moradias e outros que ocorreram durante a Copa no Brasil, as pessoas queriam o mesmo padrão Fifa na prestação de serviços públicos.

Entretanto, com as investigações do FBI e a prisão de Chefões da FIFA e da CBF devido a suspeitas de corrupção, extorsão e pagamento de propina, para alterar resultados de jogos e escolha das sedes da Copa, esse bordão passou a ter uma conotação negativa. Virou sinônimo de um bem montado esquema de corrupção.

O “padrão Fifa” começou ficou pior ainda quando o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram presos pela polícia suíça, em uma operação surpresa a pedido dos Estados Unidos. Eles estão sendo investigados pela Justiça norte-americana por suposto esquema de corrupção.

A polícia suíça deflagrou a operação em um luxuoso hotel em Zurique, onde alguns dos cartolas estavam hospedados para o encontro anual de dirigentes da Fifa. Até então, o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, não está entre os acusados. O número um da instituição é alvo apenas de investigação.
As suspeitas de corrupção recaem sobre mais de US$ 100 milhões, que teriam sido movimentados nos últimos 20 anos no sistema bancário dos Estados Unidos, e se referem a contratos de marketing, direitos televisivos e organização de torneios. A Fifa foi investigada há anos pelo FBI e sempre negou as acusações. Marin teria recebido milhões de dólares em propinas, em troca de acordos envolvendo a Copa América e a Copa do Brasil.

Foi a Interpol que emitiu, a pedido dos Estados Unidos, a ordem de prisão contra dois ex-executivos da Federação Internacional de Futebol e mais quatro empresários ligados ao marketing esportivo. O “alerta vermelho” é o maior grau emitido pela polícia internacional, e serve como mecanismo para ajudar o país emissor a identificar ou localizar a pessoa procurada em vários países.

O ex-presidente do Comitê Executivo da Concacaf, Jack Warner, ficou preso por 24 horas, mas foi solto após pagar fiança de US$ 400 mil (R$ 1,25 milhão). Uma singela demonstração do poderio econômico dos cartolas da Fifa.

Em outro capítulo dramático da crise, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, renunciou ao cargo poucos dias após ter sido reeleito. O principal motivo aparente são as investigações pelas autoridades norte-americanas. A investigação chegou mais perto de Blatter quando o FBI localizou uma carta, endereçada ao secretário-geral Jérome Valcke, número dois da Fifa e braço-direito do presidente, que comprovaria o desvio de US$ 10 milhões da verba destinada à realização da Copa do Mundo de 2010.

Pior de tudo que esse atual “padrão Fifa” já está instalado há tempos no pais. Não creio que tenha começado com o atual governo da Dilma e do PT. Há anos que os cofres públicos são saqueados e os responsáveis continuam ilesos, intocáveis. Com o julgamento do mensalão, demos um passo importante no combate a corrupção. Mais isso não é suficiente. Acreditar que esses esquemas de corrupção com esse padrão de nocividade tenha começado no governo do PT é o mesmo que acreditar em Papai Noel.

Para o Brasil e mundo tomarem conhecimento do verdadeiro “padrão Fifa”, foi necessário uma investigação internacional do FBI, e, no Brasil o que será necessário para responsabilizar os responsáveis e recuperarmos todos os anos de lapidação dos cofres públicos?

Denis Farias é advogado
www.denisfarias.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Pelo menos, dessa vez, ela não mentiu.