Esse artigo foi publicado no Jornal O Liberal, Edição 25/04/09, Caderno “Atualidades”, pág. 02. Para quem não pôde comprar o Jornal tem a oportunidade de ler no blog. Vale a pena ler.
Terra de Direitos ou Terra de Gósem?
As letras Bíblicas relatam a história de José, que ao chegar no Egito, depois de um longo período de percalços teve o reconhecimento por parte de Faraó quanto a sua inteligência e habilidade para governar. Foi nomeado governador do maior Estado organizado da época. Devido sua origem era também um legítimo representante do povo hebreu no poder político. Entretanto, com a morte desse estadista os hebreus perderam a representatividade política no Egito. O novo Faraó, que não conhecia José assumiu. Ele e seus conselheiros preocuparam-se com o crescimento exponencial daqueles estrangeiros em sua pátria. Temiam que se organizassem e mobilizando-se, tomassem o poder. Daí, algumas estratégias contra os hebreus, com a finalidade de desmobilizá-los e neutralizá-los em sua estrutura social e psicológica, foram tomadas para garantir a hegemonia egípcia. Algo que nos faz lembrar as atitudes de alguns grupos políticos que fazem de tudo para se manter no poder a qualquer custo, inclusive manipulando os desprovidos de raciocínio. O despreparo, a alienação e a desinformação são usadas em favor de elites que se apropriam do poder.
Terra de Direitos ou Terra de Gósem?
As letras Bíblicas relatam a história de José, que ao chegar no Egito, depois de um longo período de percalços teve o reconhecimento por parte de Faraó quanto a sua inteligência e habilidade para governar. Foi nomeado governador do maior Estado organizado da época. Devido sua origem era também um legítimo representante do povo hebreu no poder político. Entretanto, com a morte desse estadista os hebreus perderam a representatividade política no Egito. O novo Faraó, que não conhecia José assumiu. Ele e seus conselheiros preocuparam-se com o crescimento exponencial daqueles estrangeiros em sua pátria. Temiam que se organizassem e mobilizando-se, tomassem o poder. Daí, algumas estratégias contra os hebreus, com a finalidade de desmobilizá-los e neutralizá-los em sua estrutura social e psicológica, foram tomadas para garantir a hegemonia egípcia. Algo que nos faz lembrar as atitudes de alguns grupos políticos que fazem de tudo para se manter no poder a qualquer custo, inclusive manipulando os desprovidos de raciocínio. O despreparo, a alienação e a desinformação são usadas em favor de elites que se apropriam do poder.
Uma das primeiras ações de Faraó foi remover os hebreus da cidade do Egito para um recanto chamado Gósem, um local sem infraestrutura adequada e digna pra viver, algo bastante semelhante às favelas ou baixadas que hoje conhecemos. Lá eles passaram a sobreviver ao que é filosoficamente chamado de “estado de natureza”, onde segundo Thomas Hobbes não há conhecimento, registro do tempo. Não há artes, sociedade. Porém há o medo constante do risco de morte violenta, algo muito parecido com a nossa atual “insegurança pública”, eis que saímos de casa mais não sabemos se voltaremos. A vida é solitária, pobre, desagradável, brutal e efêmera. Assim a pessoa não evolui, não exercita a arte de pensar antes de agir, fica com a mente de vassalo, na dependência de terceiros, o que é extremamente nocivo. Essa hipótese não nos faz lembrar a grande massa de favelados de hoje?
Foi assim que os hebreus passaram a sobreviver, perderam a condição cidadã de que antes desfrutavam no Egito e passaram a ficar a margem da sociedade. Eram forçados a trabalhos árduos de longos e quase insuportáveis períodos, debaixo de açoites cruéis. Alimentavam-se mal, tanto quantitativamente como qualitativamente. Hoje o salário mínimo não da pra comprar nem a cesta básica, quando mais uma alimentação de qualidade. Faraó finalmente conseguiu concretizar seu plano claro e bem calculado de deixar o povo sempre exausto e ocupado, para evitar articulações, planejamentos, disposição para lutar e também para controlar a natalidade dos hebreus.
Hoje o voto consciente é quase uma utopia. Será que os Faraós não existem mais? A maneira com que o povo é tratado hoje é diferente do tratamento dispensado ao povo hebreu? Será que a massa pobre não continua submetida a cargas horárias exaustivas, alienada e sem educação, saneamento básico, saúde de qualidade e principalmente desarticulada tal como na terra de Gósem? Os atores sociais somente mudaram de nome. O retrato da exclusão social contemporânea é testemunha. O número de miseráveis no Pará só faz crescer. Dados do site da Secretaria da Fazenda mostram que 3.392.670, pessoas vivem com renda mensal menor do que meio salário mínimo per capita, 18,9% (540.265 pessoas) a mais do que o ano 2006, sobrevivem sem dinheiro suficiente para custear as despesas mínimas.
Na Região Metropolitana de Belém – RMB, o crescimento do número de pobres cresceu em torno de 6,7%, ao ano. Em toda região norte os miseráveis cresceram 22,6% e no País aproximadamente 19%. As mulheres paraenses não tiveram muito que comemorar no dia de 8 de março próximo passado. Elas são a maior massa de pobres do Estado, em uma proporção de 51% para elas e 49% para os homens. Na RMB a diferença é maior. Elas chegam a 54% da totalidade da população abaixo da linha de pobreza em 2007, enquanto que em 2006 o percentual era de 53%. O hiato social entre negros e brancos é ainda maior. Em 2007 os negros e os pardos correspondem a 81% da população pobre em comparação ao número de brancos. É a parcela da população mais carente não somente de rendimentos, moradia, educação, saneamento básico e emprego, deixando claro que a Lei Áurea não os libertou dos grilhões da miséria e da injustiça social. Não basta somente crescimento econômico, tem que haver uma maior distribuição de renda. A promessa de dividir o bolo remonta desde a época do golpe de 64 e até então está somente na promessa.
A grande exclusão social nos prova que ainda vivemos em uma “Terra de Gósem”. O povo que não tem condições de pagar planos de saúde morre na porta dos “pronto-socorros” e os faraós de hoje ainda conseguem arquivar CPIs para investigar o destino do dinheiro público. O povo não sabe o poder do uso do voto, quando souber e colocá-lo em prática, irá apear do poder os faraós de hoje.
Denis Farias é advogado.
denisadvogado@hotmail.com
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